Tenho um novo inclino lá em casa – Diário do meu kefir #1

Finalmente ofereceram-me um kefir bebé! ❤

Já o levei para casa, já o apresentei às manas dele (as minhas orquídeas), já lhe comprei os primeiros acessórios e já o instalei nos seus novos aposentos. Agora, só espero que ele se adapte bem, que cresça saudável e que seja muito feliz no seu novo lar, claro.

kefir, o quê?

Para quem não sabe, Kefir é uma colônia de microrganismos simbióticos imersa em uma matriz composta de polissacarídeos e proteínas. Basicamente e para simplificar Kefir é um probiótico produzido através da fermentação do leite. Entre os seus principais benefícios destaca-se o facto de facilitarem a digestão e a absorção de nutrientes. Possui um aspeto semelhante ao Iogurte, mas o seu valor nutricional e terapêutico é muito superior.

Há quem lhe chame “flor do iogurte” ou “planta do iogurte”, eu chamo ao meu Kefirtiti – porque ainda é bebé, mas quando for grande vou chamar-lhe – KefirGododaMamy.

O Kefir é composto por partículas brancas e gelatinosas, chamadas grãos de kefir, (que parecem o conjunto de flores que formam a cabeça de uma da couve-flor) que contêm bactérias, leveduras, proteínas e açúcares complexos (ou polissacarídeos).

Assim, pode fermentar com leite de origem animal, “alimentando-se” da lactose, ou pode fermentar com leite (bebida) vegetal, (como leite de coco, soja, amêndoa ou arroz, por exemplo) “alimentando-se” da sacarose ao invés da lactose. No entanto, há que ter em atenção que, se o kefir for habitualmente alimentado por lactose, terão de ter um período de adaptação para ele começar a fermentar com a bebida vegetal. Por favor, nunca se esqueçam que o kefir é um ser vivo, e como todos os seres vivos é preciso amor, carinho e dedicação para o manter vivo, feliz e saudável. Se forem abruptos e insensíveis nos hábitos deste ser, ele pode ficar contaminado, triste e morrer.

Os grãos de Kefir multiplicam-se conforme vão sendo cultivados, mas como toda agente, também o kefir tem as suas manhas e manias. Quem não tem? 

Não se deve utilizar instrumentos metálicos, dada a possível reação do ácido da fermentação com os metais, mas pode utilizar-se inox, por exemplo. E devem optar por armazenar o vosso kefir num frasco de vidro ao invés de um de plástico, prevenindo assim o risco de contaminação, mais propensa nos materiais plásticos, como sabem.

Por estes motivos, comprei especialmente para ele um coador totalmente em silicone e um frasco de vidro que esterilizei antes de o transferir.

O kefir também não deve ficar exposto a muita luz, eu optei por guardar o meu dentro de um armário. Mas para não se sentir sozinho, quando chego a casa, falo com ele e retiro-o de lá… até porque quando chego a casa já é praticamente noite, logo, ele não precisa de ficar lá fechado, coitadito! Depois de manhã, faço o processo todo de limpeza, coando-o, e lá volta ele para dentro do armário, basicamente é como ir para a escola durante o dia, enquanto a Mamy vai para o trabalho. Eu sei que é duro, mas a vida não é fácil, e a vida de um kefir não é diferente.

Como preparar o kefir?

Não é nenhum bicho de 7 cabeças, mas podia ser.

[E agora vou ter que vos contar uma história que aconteceu comigo há coisa de uns 9 anos atrás…

Ainda vivia com os meus pais e deram um kefir à minha mãe. Eu nunca gostei muito de leite, e naquela altura, não achei piada nenhuma ao kefir. A começar pelo cheiro, a terminar no aspeto, nada daquilo me inspirava…  Mas eu tinha o meu quarto, o meu espaço, e ele (o kefir) tinha o espaço dele… Até que os meus pais me informam que iam viajar 15 dias para o Brasil (como é até muito habitual neles, eu adoro-os, mas eles só querem é forrobodó, passeatas e viagens). OMGGGGGGGG!!! 😳

 – E quem é que vai tratar disto*?  Perguntei eu à minha mãe.
Tu. Responde-me ela.

(*disto… tratava-se do kefir, mas naquela altura, como já vos expliquei, não existia nenhuma espécie de carinho ou ligação amorosa entre mim e aquele ser).

Eles lá foram todos contentes de malas feitas e eu e o kefir ficámos. Os primeiros dias até correram bem, dentro do possível. Eu vomitava quase todos os dias de manhã, praguejava, saltitava, fechava os olhos com muita força, reunia todas as minhas forças e lá tratava dele a muito custo. Só e apenas porque sou uma pessoa de responsabilidades. E quando me comprometo com alguém ou com alguma coisa, levo esse compromisso mesmo, mas mesmo, muito a sério. E não posso falhar! Senão castigo-me e puno-me imenso. É um horror. Mas ninguém é perfeito. 

Até que, no meio deste sofrimento todo que estavam a ser para mim, as férias dos meus pais (ao invés de fazer festas lá em casa todos os dias, porque afinal estava sozinha em casa) tive um pesadelo terrível. Sonhei que o kefir tinha crescido e crescido e não parava de crescer e tinha vindo ter comigo ao meu quarto e me comia viva. 

Acordei em suores. E enviei um email aos meus pais a informar o seguinte:
“… ou voltam depressa, para cuidar do kefir da mãe, ou quando chegarem não há mais kefir, porque eu não vou dormir mais em casa com ele por lá…”

…e foi assim, que deixámos de ter kefir lá em casa… ] Portanto, não é um bicho de 7 cabeças, mas podia ser! HAHAHAHAH 🤣

Acho que é precisamente devido a esta história, que andava há muito tempo com desejos de ter o meu próprio kefir. Ultrapassar obstáculos, medos e fobias é crescer enquanto ser. É saber que temos limitações, mas que as podemos transformar. É alimentar a chama da nossa força. É ter coragem de “saltar o muro”…

Voltando ao “Como preparar o kefir?”

Num frasco de vidro, devidamente higienizado/ esterilizado, colocamos os grãos de kefir e adicionamos o leite ou a bebida vegetal. (mas atenção, só deverão juntar bebida vegetal se o vosso kefir já for “vegetariano”, caso contrário, poderão assassiná-lo senão fizerem a adaptação, como já referi.  O frasco não deve ser tapado com uma tampa porque estamos a falar de um ser vivo, logo, tal como nós, precisa de respirar. Eu aconselho a colocarem papel absorvente e fechar bem com um elástico, por exemplo, para não haver perigo de contaminação. (tirei fotos para vos mostrar tudo e não deixar dúvidas, afinal não quero que andem para aí a matar kefirtitis.

O líquido fermenta em aproximadamente 24 horas, a uma temperatura de 18-30ºC. Depois deste período, o leite deve ser coado e os grãos do kefir são adicionados a outro leite, fazendo assim de forma cíclica, por tempo indeterminado. Deverão lavá-lo a cada 8 dias, por exemplo, com água mineral.

Então e depois?

Depois de coado têm uma espécie de liquido com uma consistência cremosa, com sabor agridoce e refrescante, e pode conter de 0.08 a 2% de álcool na sua composição.

Todos esses microrganismos utilizados na produção de leites fermentados possuem efeitos desejáveis ao organismo e, portanto, são considerados microorganismos seguros (CRAS) (JAY,1996). Possuem a característica de resistir ao suco gástrico, sais biliares e de se adequar à possível presença de antibióticos. Desta forma chegam vivos ao intestino em quantidades suficientes para promover efeitos benéficos e auxiliares na redução de riscos de algumas doenças.

Podem consumir o kefir simples ou misturar outros ingredientes, como cereais, fruta, mel, frutas, bagas goji, sumos e até em sobremesas, desde que frias.  A textura é semelhante à do iogurte, no entanto, o sabor é ligeiramente ácido. Só não devem mesmo é aquecê-lo. Porque isso iria anular as propriedades benéficas.

Quais os principais benéficos do kefir?

Os benefícios são inúmeros, mas deixo aqui os mais comuns:

  • Ajuda no equilíbrio da flora intestinal e contribui para a absorção de nutrientes;
  • Facilita a digestão;
  • Diminui o colesterol;
  • Melhora a densidade óssea e combate a osteoporose;
  • Tem um efeito tranquilizador do sistema nervoso (sendo benéfico para quem sofre de depressão ou distúrbios do sono, por exemplo);
  • Aumenta a resistência a infeções em pessoas saudáveis;
  • Previne problemas de vesícula, fígado ou rins;
  • Pode ser usado como tratamento de problemas dermatológicos como acne, eczemas, psoríase ou alergias, por exemplo.
  • Sintetiza vitaminas do complexo B
  • Pode ser indicado para pessoas com ligeira intolerância à lactose, visto que as suas bactérias e leveduras consomem a maior parte da lactose durante o processo de fermentação.

O meu kefir é de leite, porque me foi doado por um amigo e chegou a mim assim. Eu não bebo leite há uns 6 anos, e quero muito transformar o meu kefir em vegetariano. Mas isso serão outras andanças que depois vos contarei por aqui.

Para já, ele está em processo de estabilização e limpeza, uma vez que está num novo ambiente e foi transportado. Quando passar esta fase, iniciarei a fase de adaptação…

E seja o que o universo quiser! ❤

2 pensamentos sobre “Tenho um novo inclino lá em casa – Diário do meu kefir #1

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