Há combinações que são incrivelmente perfeitas. Estão a imaginar aqueles sabores que combinam e proporcionam equilíbrio, alegria, bem-estar, conforto, prazer e felicidade imediata?! Eu consigo imaginar imensos, porque sou uma verdadeira comilona – adorooooo comer!

Degustar, descobrir novos paladares, revivê-los, reinventá-los, recordá-los e surpreender-me a cada garfada, a cada dentada, a cada sinapse no meu cérebro, a cada inspiração profunda dos odores, é para mim um aconchego e um verdadeiro deleite. Talvez por isso tudo que acabei de descrever, seja para mim, tão divertido cozinhar. Mas não é a única razão, de certeza! É a mais primária, a mais irracional, a mais animalesca, claro… Porque se tens fome, transformas-te… no meu caso em cozinheira, Chef!

No entanto, gosto de cozinhar por múltiplas razões. Gosto das cores dos alimentos. Gosto do cheiro. Gosto do toque. Adoro coisas que envolvam mãos. (e não é só na cozinha… Mas sem dúvida que, na cozinha é também deveras estimulante). Gosto de criar, reinventar, experimentar, arriscar, e no fim, ainda poder sentar-me a degustar tudo o que andei a fazer… ou ver pessoas regozijadas e muito satisfeitas com as minhas comidas! Gosto de transmitir o meu amor através dos meus preparados culinários (dos mais variados géneros). Mais do que gostar de cozinhar para mim, gosto de cozinhar para pessoas especiais. Para as minhas pessoas! Sinto uma enorme satisfação em “preparar coisas para serem ingeridas”, principalmente para os que amo. E a minha entrega e devoção é total. (Acho que esta última parte vem da minha querida Mamy – oferecer e partilhar amor através da comida).

No entanto, para não criar logros nem ilusões, esclareço desde já, que não sou nenhuma “feiticeira ou encantadora de pratos.” Garanto-vos! (Infelizmente, claro). Mas para terem a certeza, deixo-vos aqui uma pequena e singela história, que comprova isso mesmo.

“Um dia apaixonei-me muito por um menino. Esse menino gostava muito de comer. Até era um bocadinho gordinho… Dizia que gostava muito das minhas comidas. (Como sempre me disseram que o homem que casasse comigo era o homem mais sortudo do mundo, eu tentei demonstrar-lhe isso) E mesmo sabendo-o gordinho, dava-lhe comidinha da boa, para ele ficar tão apaixonado por mim, como eu estava por ele… Mas ele nunca se apaixonou! Fim.”

Posto isto, vamos à receita. Que sempre nos aquece a alma!

Eu adoro sopa de abóbora e tenho várias versões desta sopa, (onde variam alguns ingredientes).

Hoje, deixo-vos esta combinação:

INGREDIENTES:

• uma abóbora (eu usei abóbora manteiga)
• uma pequena batata doce (confere uma cremosidade divinal a esta sopa e o adocicado liga na perfeição com o adocicado da abóbora)
• um alho francês
• 6 dentes de alho
• um nabo pequeno
• um bom molho de coentros
• um generoso pedaço de gengibre
• uma pitada de sal
• um fio de azeite extra virgem
• água mineral
• uma colher de sopa de sementes de linhaça (opcional)

(uma outra versão desta sopa, ao invés dos dentes de alho, leva imensa cebola, ao invés do alho francês, leva cenoura e outros pequenos truques que deixarei para vos contar noutra ocasião. Outra coisa importante que gostaria de partilhar convosco é que sigo e estudo a filosofia e o modo de vida do Swásthya Yôga,  que pratico; e aprendi num dos capítulos sobre alimentação que não se deve misturar alho e cebola na mesma confeção. Por isso, a partir desse momento, deixei de utilizar ambos em simultâneo e passei a optar por um, ou por outro. O que considerar mais imprescindível para o fim pretendido, é o escolhido para aquele preparado. No entanto, quero deixar bem claro, que é apenas uma opção minha. Pessoal. Não quero, nem pretendo, influenciar ninguém nas minhas escolhas e opções especificas alimentares. Na vida há quase sempre opções. Aproveitem e escolham o melhor para cada um de vós; quando as há. Sejam responsáveis, autênticos e acima de tudo leais. Não há nada mais bonito e nobre que a lealdade. Leal quando todos os demais já deixaram de sê-lo. Assumam o comando da vossa vida! A menina da história que vos contém há pouco, também assumiu o comando da vida dela, ao invés de ficar presa ao menino que não gostava dela. Que comia qualquer coisa. E por isso era gordinho. A menina percebeu que o mal não estava nela, nem nas suas maravilhosas comidas. E continuou a cozinhar e a amar… a ser responsável pelas suas opções, autêntica e acima de tudo leal).

 

MODO DE PREPARAÇÃO:

Começo por lavar e cortar os legumes em pequenos pedaços (como podem ver na imagem que se segue).

Nota 1: a abóbora eu corto-ao ao meio e metade reservo. 

Numa panela coloco os legumes cortados, à excepção dos coentros e da metade da abóbora que em nota informei que reservava).

Coloco a água até cobrir os pedaços dos legumes. (Eu prefiro colocar menos água e depois retificar o puré, ao invés de abusar na água e acabar com um puré demasiado aguado. Esta sopa quer-se encorpada, cremosa. Pelo menos é assim que eu gosto dela. Mas este tipo de acertos deixo ao critério e preferência de cada um. Mas depois não reclamem se a vossa sopa ficar assim-assim. Porque ninguém quer uma sopa assim-assim. Uma sopa assim-assim, é para mim qualquer coisa como:

Sopa assim-assim?!
– Passo!

Deixo cozer os legumes por uns 20 minutos. Só depois de cozidos é que adiciono o sal e o fio de azeite. E com a varinha mágica reduzo tudo a puré.

(Se ficar demasiado espesso, acrescento um pouco de água).

Corto a metade de abóbora que reservei em pequenos e uniformes pedaços, como podem verificar na imagem que se segue.

Coloco os pedaços no puré e deixo cozer por mais uns 15 minutos.

Ao fim de 15 minutos, provo e retifico os temperos (caso se justifique).

Corto os coentros bem lavados, desligo o lume e coloco os coentros na panela e as sementes de linhaça.

Mexo bem e deixo descansar por 3 a 5 minutos antes de servir.

Nota 2: Podem levar coentros frescos para a mesa e quem quiser acrescenta à sopa. Eu acrescento sempre, porque adoro esta combinação. 

E bom apetite!! Bom aconchego! E sintam-se tão reconfortados como eu! ❤ 😀

Nota 3: Swásthya Yôga
De todos os tipos de Yôga que existem, há um, em particular, que é especial por ser o mais completo. Produz efeitos rápidos e duradouros como nenhum outro. Trata-se do SwáSthya Yôga, sistematização do Dakshinacharatantrika-Niríshwarasámkhya Yôga, um Yôga muito antigo, do período pré-clássico.